“CONTEI meus anos e descobri”, escreveu Mário de Andrade, “que terei menos tempos para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas… As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso caso de secretário geral do coral. ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa… Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim basta o essencial!”.
Viver é uma questão de paladar. Aprende-se a viver saboreando a vida.
1 comentário
Ivan Barth · 17/10/2022 às 12:39
Lendo esta crônica me identifiquei muito, pois percebo que estou exatamente neste momento de vida, não quero mais perder meu tempo com coisas “fúteis” ou fazendo coisas que não quero fazer, diferente das que precisamos fazer.
A mediocridade, a inveja, falsidade e interesse que te rondam só servem para sugar a boa energia que vc deve compartilhar com quem merece!
A maturidade não necessariamente se desenvolve apenas com a idade cronológica, mas tmb com a vivência e com a conexão com a consciência da sua parte divina/espiritualidade.
Parabéns César, suas mensagens e sua positividade/energia de encarar a vida/mundo é inspiradora, diferente de motivadora, pois acredito que a motivação é momentânea é passageira se não tiver foco e disciplina e a inspiração é um despertar de consciência muito mais profundo e durador.
Este livro é apenas um fragilmente muito resumido da tua energia e grande ser humano que és!
Parabéns!!!!!